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As minhas provas - 2015
 

Depois de tantos anos a participar em provas de troféus camarários, de colectividades, em provas clássicas e de curtas distâncias, resolvi empreender em provas diferentes.

Assim, comecei por fazer uma prova de orientação, a qual gostei bastante, e algumas provas de montanha como a Corrida do Monge ou os Trilhos de Monsanto.

Mas cá dentro ansiava por fazer provas de longa distância. Embora a maratona não fosse para mim um "bicho-de-sete-cabeças", na realidade pretendia ir mais longe. Ser um ultra-trail e ultra-maratonista!

Deste modo, comecei em 2007 em intercalar no meu calendário de provas algumas provas que já me "acenavam" há algum tempo.

Eis aqui os meus relatos dessas provas, que embora diferentes quer em distância, quer no piso ou percurso, quer no seu grau de dificuldade, as adorei fazer e que deveriam ser uma pretensão para todos os atletas.

Próximas "loucuras":

Gran Trail Peñalara - 110K | Alpino Madrileño - 42 km  | Swiss Alpine K78


Ultra trail de Conímbriga Terras de Sicó - 115 Km

28 de Fevereiro de 2015 - 00h00

Quando pela primeira vez foi anunciada uma nova distância de 100 Kms nesta prova, manifestei de imediato a minha intenção de estar presente. Conhecedor tanto da área circundante da Serra do Sicó como da excelente organização do Mundo da Corrida, esta seria sem dúvida uma das minhas Ultra-maratonas previstas para 2015.

Inicialmente prevista para ter a sua partida às 6h da manhã para um tempo limite de 25 horas, rápido calculei que chegaria pela noite dentro o que retiraria um pouco o prazer de cruzar a meta perante algum público. Penso que foi por este motivo que anteciparam a partida para a meia-noite. Pessoalmente não me desagrada pois gosto de correr de noite. Dos 100 km inicialmente anunciados cerca dum ano antes passaram a 111 km com cerca de 3.200 mt de desnível positivo após definição do percurso final.

À partida o tempo apresentava-se com uma chuva “miudinha” embora sem qualquer frio ou vento. Os primeiros kms são rolantes e rápidos atravessando Condeixa-a-Velha, as Ruinas de Conimbriga onde nos esperava um espectáculo de Faquires e engolidores de fogo, e seguia para Ameixeira. Daqui até ao PAC 1 (Posto de Abastecimento e Controlo) que se situava na aldeia do Poço, teríamos cerca de 8 km de grandes subidas e descidas.

O piso típico desta zona é de terra barrenta nas zonas áridas e de terra preta nas zonas arborizadas. Devido à chuva permanente o piso tornou-se extremamente escorregadio ou agarrava-se às sapatilhas. Nos declives mais acentuados era impraticável seguir pelo trilho pelo que se procurava alternativas com mato ou erva para maior aderência.

Cerca do km 15 encontrei o Eduardo Ferreira dos Millenium BCP pelo que seguimos juntos pela noite dentro. Passámos pelo PAC2 no Zambujal debaixo duma chuva intensa, subindo depois para o Castelo de Penela aos 27 km onde haveria o primeiro controlo horário de 5h00 de prova. A minha esposa, incansável como sempre, foi estando presente nos PACs desta vez acompanhada pela Otília Leal, esposa do José Brito da CASPA.

Sendo ultimamente apanágio das organizações colocarem os primeiros controlos de tempos de passagem bastante apertados e sem qualquer tolerância mesmo em condições atmosféricas adversas, esta era a minha principal preocupação pelo que contrariamente ao habitual em que utilizo um ritmo de gestão de esforço, aqui seria inevitável um ritmo mais rápido. Felizmente existem bastantes zonas para correr pelo que facilmente atingimos o PAC3 - Castelo de Penela - com cerca de 4h10. Daqui até ao PAC4 – Km 42 em Beiçudo, o percurso apresentava bastantes descidas pelo que o ritmo foi confortável chegando lá já ao amanhecer, desta vez na companhia também do José Brito. Até ao PAC seguinte em Condeixa onde estaria a 1ª Base de Vida, ainda subiríamos para Alcabideque e desceríamos para Avessada.

Chegámos a Condeixa no PAC5 aos 52km pelas 7h30 em que o Controlo Horário era de 11h00. Estando previsto aqui que seriam 50km já se adivinhava que a distância final não seria os 111 anunciados.

Aqui o Eduardo diz que vai continuar pois não deixou qualquer saco em Condeixa. O Brito diz que vai descansar um pouco. Mudo de meias e vou comer uma refeição quente, massa tipo bolonhesa.

Rapidamente me meto de novo ao percurso, desta vez sozinho. Passo de novo as ruínas e desta vez inicio um troço novo bastante técnico que passa junto a uma cascata lindíssima. O piso está bastante escorregadio e enlameado, mesmo pinhal adentro. Antes da Aldeia do Poço, aparece a subida das Pegas. Uma subida bastante íngreme, em que é preciso escolher bem onde pisamos para não escorregar.

Descemos depois até ao PAC6 – Aldeia do Poço – 59 Km. Aqui junto-me a um atleta amigo do Rui Pinho chamado Nuno Costa. Acabamos por seguir juntos junto ao rio até à Fonte Coberta. Atravessamos o vale, numa zona já por mim bem conhecida até fazermos mais uma subida íngreme em que muitos atletas escorregam por ela abaixo.

Resolvo seguir em zigue-zague seguido pelo Nuno, subindo depois até ao marco geodésico para depois descermos até ao Rabaçal – Villa Romana – PAC7 – 67 km já com 10h40, com boa margem até ao limite horário que era de 13h30, onde me esperava de novo a minha esposa e os meus filhos, que têm sido incansáveis no apoio em todos os PACs.

Daqui seguimos para a aldeia de Chanca, através duma subida até às Eólicas, o ponto mais alto da prova. Já no topo no meio do nevoeiro encontrámos perdido o Luis Nunes do CAOB que depois de encontrar o percurso certo rapidamente nos largou na descida. Descíamos agora durante alguns quilómetros até ao PAC8 em Degracias. Seguimos depois pelo Vale de Poios num trilho lindíssimo ladeado por escarpas descendo depois para Tapeus onde estava o PAC10 – 96 Km – e onde tínhamos o segundo saco para muda de roupa.

Neste abastecimento mudei de roupa e comi leitão assado. Estive a aguardar que o meu companheiro de prova recebesse apoio médico pois acusava bastantes dores lombares, o que me fez perder algum tempo neste abastecimento. O Rui Pinho e o José Brito apareceram e saíram antes de mim. Devia ter seguido com eles, mas tinha dito ao Nuno que seguiria com ele. A ideia era percorrer ainda o trilho das Buracas do Casmilo e subir á Serra da Sra. Do Circulo ainda de dia.

Coloquei um ritmo um pouco mais rápido para ganhar tempo, mas o trilho era bastante pedregoso e difícil até à aldeia do Casmilo. O cansaço já se denotava nas pernas e no ritmo, e foi graças à ajuda dum Ener:gel pois além de dar energia tem electrólitos para repor os sais perdidos durante a prova, que rapidamente chegámos ao PAC11 – 103km com 18h30. Daqui até ao final seriam cerca de 12 km, mas antes teríamos ainda uma grande subida pela frente.

Comi rapidamente uma bifana e pusemo-nos de novo ao trilho para a grande subida até á Sra. Do Circulo. Já estava a escurecer e no inicio da subida tivemos de ligar os frontais. Conforme subíamos o nevoeiro ia tornando-se cada vez mais denso ao ponto de quase não vermos mais de que alguns metros. Apesar de conhecer esta zona, foi graças a um camião dos Bombeiros que estava no topo que nos orientou para o trilho certo.

O trilho já era por mim conhecido pelo que impus um ritmo forte na descida o que não foi fácil para o Nuno que forçava o seu andamento para não me perder no nevoeiro. Chegámos a Arrifana a cerca de três km da meta e desafiei o Nuno para mais um esforço até ao final. Disse-me que o melhor que conseguiria era apenas um trote, pelo que tomei mais um Ener:gel e desde Condeixa-a-Velha até à meta impus um ritmo fortíssimo pelo que ainda consegui ultrapassar mais três atletas em prova.

Cruzei a meta com 115 km de prova em 20h54’56” com 3.700 mts de desnivel positivo... em 143º da Geral e para grande surpresa minha ganhei o 3º lugar no meu escalão.

Pena foi que ao chegar praticamente não havia vivalma na zona de chegada nem por parte da organização. Não fosse a minha esposa tirar a tão desejada foto não teria decerto uma recordação desta ultra-maratona de tantas peripécias.

Tenho a agradecer à minha esposa por ter sido tão incansável no apoio ao longo desta prova, e também à myprotein.com pelos seus excelentes produtos. Parabéns à organização e especialmente ao povo de Condeixa que tão bem sabem receber, apoiar e incentivar os atletas.

Para descomprimir, no dia seguinte ainda fiz a Caminhada de 17 kms acompanhando a minha esposa, enquanto os meus dois filhos foram fazer o Mini-Trail de 25 kms. Resumindo: 132 kms num fim-de-semana.

 

 


UTSM - Ultra-Trail de São Mamede - 100 Km - Portalegre

16 de Maio de 2015 - 00h00

 

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