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As minhas provas - 2014


100 Milhas da Serra da Estrela - 168 Km - Seia

6 e 7 de Junho de 2014 - 16h00

Desde que fiz a 1ª Edição dos 100 Km do Oh, Meu Deus na Serra da Estrela em 2012 com a organização Horizontes, seguida depois doutra má experiência no Ultra Trail Monte da Lua em Sintra, que fiquei seriamente apreensivo em estar presente em futuras provas desta Organização.

No entanto em conversa com vários amigos que efectuaram algumas provas do Território Circuito Centro, resolvi arriscar e fiz a prova de Vila de Rei em Março passado. Apesar da dureza desta prova e de alguma insegurança nalguns troços do percurso achei que em termos organizativos a Horizontes tinha melhorado bastante nomeadamente na marcação do percurso e nos abastecimentos.

Assim, resolvi á última da hora inscrever-me para a 2ª edição das 100 Milhas da Serra da Estrela muito embora tivessem sido feitas inúmeras críticas á prova do ano passado.

E assim lá seguimos para Seia na sexta-feira dia 6 de Junho. As condições meteorológicas apontavam para um tempo encoberto com ligeiros aguaceiros, o que era do meu agrado pois dou-me bastante mal com o calor. Porém na altura do levantamento do dorsal ficámos a saber que o acesso á Torre estava cortado devido ao mau tempo e que caso não melhorasse colocaria em causa o eventual cancelamento da prova.

O “solo duro” estava previsto nas instalações dos Bombeiros de Seia, pelo que fomos preparar as coisas para a pernoita da minha esposa durante o evento.

Face às condições actuais, preparei os sacos para mudança de roupa aos 75 km em Loriga e aos 126 em Folgosinho. Em ambos coloquei uns ténis, meias de compressão, calções, camisola térmica, gorro, vaselina, géis, pensos para bolhas e pilhas para o frontal.

À hora do “briefing” chovia impiedosamente avizinhando o mau tempo. A previsão é que o tempo estará melhor quando chegarmos à Torre, embora ainda com muito nevoeiro. O São Pedro permite que a partida se faça sem chuva, embora recomece de novo ao fim dum par de quilómetros.

É dada a partida pelas 16h00, iniciando logo com uma boa subida com cerca de 825 mts de desnível até ao Sabugueiro onde está o primeiro PAC (Posto de Abastecimento e Controlo), o que faz com que o pelotão se alongue e se comecem a formar pequenos grupos. Mantenho um ritmo confortável enquanto desço cerca de 10 km para depois subirmos para Valezim onde está o segundo abastecimento nas instalações dos Bombeiros aos 29 km, onde chego com quase 4h de prova. A chuva tem-se mantido quase sempre embora com fraca intensidade. Tenho vindo quase sempre “escoltado” por dois jovens GNRs que se estão a aventurar pela primeira vez nesta longa distância. Dois Vitor’s – Vitor Penetra e Vitor Rodrigues. Tanto a moral como a motivação é boa. 

Daqui até Loriga é quase sempre a descer. Chego ao PAC3 já de noite, com 5h45’ de prova – 39 km. Este é um local onde teremos de regressar já com o dobro da distância para a primeira muda de roupa. O percurso é bom, bem marcado com fitas fluorescentes, atravessando quintas e vales ao longo duma linha de água. A próxima etapa é de 15 km até Barriosa. O meu grupo agora é composto pelo Rui Pinho, Paulo Picão e Rui Rocha.

Seguindo constantemente junto a uma levada de água, chegamos a uma aldeia típica da Serra da Estrela com casas feitas em xisto e ruelas empedradas - a aldeia de Cabeça, e somos surpreendidos com um abastecimento surpresa feito pelos locais. À minha chegada perguntam-me “- E agora o que vai ser?”. Confuso respondo: “Algo para comer e beber?!”. E o ancião responde em tom alto “VINHO!” e o grupo coral começa de imediato a cantar “É o vinho, é o vinho…”. Garanto que as diversas iguarias que estavam na mesa eram uma autêntica delícia!

O percurso agora é lento e quase sempre a serpentear dum lado para o outro das levadas. Quase a chegar a Barriosa passamos por um local lindíssimo chamado de Poço da Broca. Junto ao rio está um restaurante cheio de gente deitada nuns espaldares perto de lindíssimas cascatas de água que brilham ao luar. Um lugar que memorizei para visitar com mais calma. Sempre acompanhado pelo gorgolejar da água da ribeira chegámos a Frádigas. Aqui tive de parar para trocar de pilhas do frontal e todos aguardaram por mim enquanto as trocava. Agradeci o gesto pois à noite gosto de correr acompanhado. Chegámos a Barriosa (PAC4) com 9h de prova – 54 km. Os abastecimentos têm sido bastante bons com fruta, salgados, água, coca-cola, chá ou café. Aqui avisam-nos que o percurso até ao próximo PAC continua junto às levadas e aconselham por segurança que corramos na água das levadas.

Esta etapa de 12 km é de progressão lenta, embora evitemos quase sempre de molhar os pés. O trilho à esquerda da levada é bastante estreito e com um precipício dalgumas dezenas de metros. Demorámos cerca de três horas e meia a completar esta etapa, até ao PAC5 – Alvoco da Serra.

O abastecimento estava situado num café na aldeia. Para acompanhar as sandes e a sopa, pedi uma cerveja em que fui prontamente atendido. O Paulo fez o mesmo. A dona do café perguntou se queríamos café do termo do abastecimento ou uma “bica” da máquina. Optámos claro por este último e foi com agradável surpresa que a dona com extrema amabilidade recusou o dinheiro para pagamento. Agradecemos e continuámos para a próxima etapa de cerca de 8 km até Loriga. O Rui Pinho fica ainda no abastecimento e sigo com o Paulo e o Rui Rocha.

Este troço começa logo com uns sinais de aviso de perigo nas levadas. Em grande parte do percurso não existe ou é impraticável o trilho à esquerda da levada o que obriga muitas vezes a andar por cima das bermas da levada ou dentro de água. Após esta zona começamos a descida para Loriga num piso técnico bastante pedregoso. A progressão é lenta e difícil massacrando os músculos. É com dificuldade e cansaço que chego ao PAC6 – Loriga, em que tenho roupa para mudar.

Troco de meias e visto uma camisola seca, como e bebo qualquer coisa. Os meus companheiros de prova dizem-me que seguem caminho. Pergunto se há algum sítio onde possa descansar um pouco. Uma moça aponta-me uma sala pequena onde tem um sofá e peço-lhe para me acordar dentro duma meia-hora. Visto o impermeável e descanso um pouco.

Acordam-me depois e estou a tremer de frio. Memorizo que tenho de deixar no saco da roupa uma manta para me aquecer nestas alturas. São 5h30 da manhã, como qualquer coisa quente e arranco de seguida. Pela frente tenho cerca de 11 km pela Garganta do Loriga até à Torre com um desnível de 1400 mts. Já amanheceu e não chove. A subida é lenta, íngreme mas não tão difícil como esperava.

Demoro quase 4h30 a fazer esta etapa. Já quase no topo o nevoeiro prejudica a progressão, pois não vejo a sinalização à frente. Vou andando na direcção correcta sempre olhando para trás para confirmar a ultima sinalização até ver a próxima. Subitamente vejo a Torre a umas centenas de metros para logo de seguida deixar de a ver. Finalmente chego ao PAC7, com quase 18h de prova – 86 km. O abastecimento é dentro do Centro de Resgate da GNR. Lá dentro encontro os Vitores e o Rui Pinho. Alimento-me bem e sigo com eles. Vamos descendo até deixar o nevoeiro sob um sol acolhedor. Vamos circundando as diversas lagoas num piso pedregoso. Os Vitores descem mais rápido e eu sigo com o Rui. São cerca de 16 kms que fazemos a uma altitude de 1400 mts que se tornam monótonos.

Chegamos a uma ermida em ruínas e o percurso faz-nos atravessar uma fenda nas rochas que passamos com alguma dificuldade. Passamos as Penhas Douradas e descemos para Vale Rossim (PAC8) ao longo duma barragem. Já vamos com 22h de prova – 102 km.

A próxima etapa é de 15 km até ao topo do Malhão. Grande parte é feita em estradão o que permite um ritmo mais agradável. A cerca de 4 km do Malhão apanhamos o Paulo Picão e o Rui Rocha e seguimos os quatro. O Paulo queixa-se com dores no pé que está inchado. Atingimos o marco geodésico no Malhão com 25h de prova e começamos a descer para Folgosinho. Neste troço de percurso torna-se mais técnico, não percebendo a razão de colocar à saída duma estrada cerca de 2km sem trilho definido através de buracos e de troncos caídos para regressar de novo á estrada cerca de 500 mts depois. Do mesmo modo o percurso leva-nos para uma descida bastante íngreme numa calçada romana, para atingirmos um estradão donde tínhamos saído um km antes.

Chegamos a Folgosinho PAC10 aos 126 km com 28h de prova, a seis horas do tempo limite. Aproveito para mudar de roupa, lavar os pés e verifico que tenho uma grande bolha de sangue no calcanhar do pé esquerdo. Trato a bolha, lavo-a bem e aplico-lhe um penso Compeed. A minha esposa traz-me um saco cama para descansar um pouco. Enquanto isso apresenta-me a Daniela (irmã do Vitor Rodrigues) que é massagista e que me providencia uma massagem. O Rui Pinho diz que prefere seguir mesmo sozinho. O Paulo fica a tratar do pé enquanto o Rui Rocha se queixa de sono. Finalmente ao fim duma paragem de cerca de 45’ já com roupa quente e uma boa refeição, prosseguimos já à luz do frontal.

Até ao próximo abastecimento temos mais 15 km sendo a maior parte dele com subidas acentuadas com uma descida final acentuada de quase dois km. O Paulo vem coxeando e vamos num ritmo lento a acompanhá-lo. As descidas são quase mais lentas que as subidas. Demoramos quase cinco horas até Aldeias (PAC11) – 141 km. Aqui o Rui diz para seguirmos enquanto ele dorme um pouco e que depois nos apanha. O Paulo corta a meia de compressão que lhe está a causar muitas dores ao pé inchado. Aconselho-o a repensar a seguir a prova pois o pé apresenta já hematomas, mas ele argumenta que falta pouco mais de 20 km e que vai continuar nem que seja a pé-coxinho. Diz-me para seguir que ele depois vem com o Rui.

Assim, largo os meus companheiros de prova e sigo sozinho pela noite fora. Está escuro como breu e apenas se ouvem os cucos na serra. Uma subida de quase dez km serra adentro. Devido ao mau tempo a sinalização reflectora ora está caída ou enrodilhada nos ramos da vegetação rasteira. Com frequência vou recolocando a maior parte de modo a facilitar a progressão aos atletas seguintes.

Já no topo da serra, a descida agora é sobre pedra solta durante umas boas centenas de metros o que martiriza os meus pés e aumenta as dores no calcanhar. Chego pelas 5h30 da manhã a uma aldeia na serra e procuro o abastecimento mas ando perdido. Não se vê vivalma para perguntar. Finalmente encontro um Jipe da Protecção Civil que me informa que o abastecimento é a cerca de 2 km seguindo sempre a estrada.

Chego a Póvoa Velha (PAC12) – 155km com 38h de prova. Neste abastecimento sou praticamente mimado por duas amáveis idosas que quase me dão uma sopa de legumes á boca. Repus as energias com um lauto pequeno-almoço composto de torrada, presunto, queijo, café e ainda umas cerejas docinhas acabadas de apanhar. Até me custou sair dali! Despedi-me das senhoras e segui para Seia.

 Já só faltavam cerca duns 6 km para a meta começando com uma descida de 4km. Apesar das dores no calcanhar a vontade de chegar era tanta que corri ribanceira abaixo.

Á chegada a Seia ainda tinha uma subida empedrada de quase 2 km seguido duma volta completa à Câmara Municipal até à Meta. Terminei as minhas 100 milhas em 23º lugar da Geral com 39h28’05” – 8.380 mts de desnível positivo.

Esta prova tem todos os ingredientes para se estabelecer no Calendário Nacional de Ultra-Trail. Um lindo percurso da beleza da Serra da Estrela, boas marcações, bons abastecimentos e a amável simpatia das pessoas das diversas aldeias por onde passámos. Recomendo vivamente.

 

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Ehunmilak - 168 km - Beasain - País Basco/Espanha

11 e 12 de Julho de 2014 - 18h00

Uma prova tão dura quanto bonita. O País Basco é uma zona montanhosa com condições climatéricas de extremos. Tão depressa está um sol e uma temperatura de 20 a 25º, como mal subimos a uma montanha desce rapidamente a poucos graus positivos, com nevoeiro e vento gélido.

Por alguma razão as paisagens são totalmente verdejantes, pois a humidade e chuvas repentinas mudam completamente duma hora para outra.

Esta prova na qual depositava grandes expectativas, foi alvo dum mau planeamento de última hora. Por razões profissionais só consegui o dia de sexta-feira (dia da prova) pelo que tive de fazer a viagem (quase 1.000 km em 9h30) toda na noite de quinta para sexta, fazendo uma a duas pausas para dormitar. Não pude contar com o meu filho para conduzir pois devido a ter arranjado emprego na semana anterior impossibilitou que nos acompanhasse. Felizmente deu para cancelar o quarto para os filhos sem quaisquer encargos.

Como também não consegui o dia de segunda-feira, implicava que teria de fazer a viagem de regresso na noite de domingo para segunda o que implicaria mais uma noite sem dormir. Teria a Paula. minha esposa, de fazer a viagem toda de regresso a conduzir.

Chegámos na manhã de sexta, levantámos o dorsal e fomos até ao Hotel na tentativa de descansar um pouco, o que foi quase nada. Praticamente depois de almoço já estávamos na partida para entrega dos sacos para muda de roupa, controle de material e inicio da prova.

Começamos logo por subir á montanha com um desnível de quase 1.800 mts até aos 20 km, que atingi com 3h52 (38' antes do controlo). Chovia torrencialmente e havia muito nevoeiro, com temperaturas baixas. É incrível que mesmo com este tempo e num sitio deserto, havia uma quantidade de gente a aplaudir e a incentivar os atletas.

Dois pormenores bastante curiosos: Sempre que existia uma fonte ou nascente em plena serra, tinha sempre preso por uma corrente um púcaro de chapa pesada para matar a sede a qualquer viajante ; numa aldeia em plena serra a meio da noite, apesar de não se ver vivalma, vislumbrei uma pequena mesa com um candeeiro, um jarro de água e uma terrina com tampa de vidro com bolos e biscoitos para satisfação de qualquer atleta que o quisesse. Deslumbrante a hospitalidade e a atenção deste povo!

Cheguei aos 53 km com 12h30 (uma hora antes do tempo limite) o que me fez acreditar ser possível ultrapassar os controles muito restritos até aos 80 km. Tal como no Mont Blanc, a partir daqui começam a ser mais dilatados. No entanto o pouco descanso que tive, a privação do sono e o cansaço da viagem faziam os seus danos. Por várias vezes me dei conta de dormir em corrida, apesar da cafeína da coca-cola e os diversos cafés nos abastecimentos.

Mal eu sabia que esta nova etapa até aos 66 (de apenas 13 km) iria demorar quase 5 horas. Só numa descida a pique de pouco mais de 2 km, repleta de montes e montes de lama... iria eu demorar quase uma hora e meia. Quedas e mais quedas, vi vários atletas a quebrar os bastões na queda. A terminar este acepipe... ainda havia uma descida íngreme de calhaus e pedras e mais uma hora perdida. Onde numa situação de piso seco demoraria cerca duma hora, levou 2h30.

A subida a Zelatun (1.200 mts de desnivel) foi feita de madrugada debaixo duma chuva torrencial. Estava previsto sol até à tarde de sábado mas tal não se verificou. As subidas eram tão escorregadias como as descidas. Cheguei com 17h20 de prova. Até ao próximo Controle em Tolosa (77 km) teria de o conseguir até às 20h de prova, caso contrário terminaria aí a minha epopeia. Só nos três km seguintes perdi logo quase uma hora e meia. Seria impossível neste ritmo atingir as 20 horas aos 77 km. Sei agora pelos tempos de passagem de muitos atletas que os últimos 10 km até Tolosa demoraram entre 3h30 a 4h30 quando eu apenas tinha 2h40.

Nesta altura em que faltavam entre 6 a 7km e o tempo disponível já não chegava, além de estar mais preocupado com o relógio do que desfrutar da prova, que resolvi parar e apanhar o Jipe da Cruz Vermelha até Tolosa onde entregaria o chip/GPS. Na Classificação final fiquei em 231º com quase 5.000 mts de desnível positivo.

Embora a organização confirmasse que foi a pior das quatro edições em condições atmosféricas adversas, não fez qualquer alteração aos tempos limite de controlo de passagem, pois mais de metade dos atletas passaram antes do fecho do tempo previsto. Na meta apenas chegaram 150 dos 271 atletas cronometrados.

Surpreendeu-me pela positiva a amabilidade, simpatia e zelo com que fui recebido bem como como ao longo de toda a prova. Apesar duma língua difícil de entender deste povo Etarra, foram sempre extremamente cordiais, zelosos e duma preocupação extrema da n/segurança e bem estar. Nunca tinha visto numa prova internacional tanto apoio e segurança médica. Eram 1200 voluntários para cerca de 300 atletas. Marcação do trilho irrepreensível, abastecimentos fartos e bastante diversificado, além de pontos de comida e bebida dados pelos habitantes locais que insistiam que nos abastecêssemos.

Outro facto curioso foi de em quase todas as fontes de nascente nas montanhas, existir um púcaro pesado em alumínio preso por uma corrente, para que qualquer viajante pudesse matar a sua sede.

Em Tolosa, depois dum bom banho e duma boa refeição, fiquei a saber das desistências de vários atletas “Tugas”: Pedro Marques, Ricardo Diez, Ângelo Pereira e o Rudolfo Rapaz que desistiu comigo.

Uma prova quanto a mim mais dura tecnicamente que a do Mont Blanc mas duma excelente organização e financeiramente mais acessível. Com uma melhor preparação logística e alguns dias antes para descanso e visita. Aconselho.

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